14 de jun. de 2008

pág. 13

15. INT. CASA VITORIANA - TARDE

Plano apertado dum copo com whisky em contra-luz.

Mão agarra copo e câmara segue-o até à boca de um homem de barba.

Homem dá um gole.

THOMAS

Hum… Ironia… Faz agora 18 anos que vim para África, esta terra de ninguém… Os mesmo 18 anos que este bom whisky demorou a envelhecer para ficar tão sobrebo assim! [Esboça sorriso]

A mesma velhice que tanto combati quando... bem, deixa para lá Nkosi, é uma história chata.

NKOSI

O senhor Thomas é que sabe…

Outro homem entra na sala, de charuto numa mão e copo de whisky na outra, e senta-se no cadeirão em frente ao cadeirão onde está Thomas.

SIR NICHOLAS

Então Thomas, mais um final de tarde típico na savana a contar histórias para Nkosi?

THOMAS

Sir Nicholas, só conto histórias interessantes.

SIR NICHOLAS

Acredito que sim. Aliás, acabei de instalar as minhas coisas no meu quarto, e não tenho mais nada que fazer, a não ser desfrutar deste charuto e deste whisky na sua companhia. Um poder só igualado aos dos deuses!

THOMAS

O Sir Nicholas sabia que na mitologia nórdicas, os anões provêem de uns vermes que roiam o cadáver de um gigante? Foi através dos ossos e sangue do gigante, que os deuses os criaram. Tornaram-se grandes e hábeis artífices, forjando ferro como ninguém, criando quase todas as armas para os seus criadores combaterem. Mas os anões não eram perfeitos. Tornaram-se gananciosos, ladrões e trapaceiros quando diante de riqueza.

SIR NICHOLAS

Thomas, eu que sou alemão e não sabia tal história.

THOMAS

Nanismo, a doença que afecta os anões, é a base do nome da minha empresa NANO.
Eu comparo agora, os anões da mitologia com os "nanoides" que eu criei há alguns anos. Julgava eu que estava a fazer algo para o bem da humanidade. O quanto eu estava errado Sir Nicholas!

SIR NICHOLAS

Mas olhe que nem toda a gente é assim tão pessimista com a sua invenção. Olhe o senhor Ashton, que há dias que não aparece, nem ele nem os seus empregados. Deve estar a adorar!

THOMAS

Por falar no diabo…

Thomas levanta-se do cadeirão e pousa o copo vazio na mesinha ao lado, dirigindo-se ao alpendre da casa.

15. EXT. FRENTE CASA VITORIANA - TARDE

Plano do alpendre da casa com Thomas com os braços apoiados na cerca.

O jipe pára em frente, com os dois homens armados a saltarem da parte de trás com ar chateado.

Ao lado do condutor está Ashton, o homem quem eles caçaram.

ASHTON

Senhor Thomas, eu acho os seus homens são muito bons caçadores, mas eles não devem estar a gostar da minha cara.

THOMAS

É normal senhor Ashton! A sua participação demorou três dias seguidos e eles acabaram por ficar longe das famílias e com menos dinheiro de recompensa. Você é um osso duro de roer!

Ashton e Thomas dão aperto de mão.

12 de jun. de 2008

pág. 12

14. EXT. SAVANA AFRICANA - TARDE

A câmara acompanha uma nuvem de poeira ocre. O sol esta do outro lado da nuvem, ao nível do horizonte, conseguindo aparecer nos poucos intervalos onde a nuvem está menos densa.

O plano vai acompanhando paralelamente a nuvem até às traseiras de um jipe militar com dois homens armados com kalashnikov apontadas para vários lados.

O condutor grita algo em zulu apontando para a frente, fazendo os outros dois dispararem na mesma direcção.

Câmara continua paralelamente a acompanhar o jipe, mas avançando mais rapidamente. Uns metros à frente encontra um homem a correr e a rir, ao mesmo tempo que tenta desviar-se das balas que lhe passam ao lado da cabeça.

Plano da sombra comprida do homem que corre. Ouve-se um tiro e a sombra enrola-se até se juntar no chão ao corpo que a criava.

Os caçadores festejam enquanto o jipe passa com as rodas sobre o corpo do fugitivo.

De cara no chão poeirento, durante uns segundos fica imóvel. Até que os pulmões sopram e levantam a poeira em frente da cara, recomeçando então a rir.

FUGITIVO

[Rindo] Estes tipos são bons!

12 de mai. de 2008

pág. 11

13. INT. CASA DE MOE - DIA

A sala está escura, pouca luz se vislumbra entre os cortinados fechados. Moe entra, afastando coisas do chão, para deixar Rita e Thomas passarem.

MOE

Desculpem o aspecto da coisa, mas faz tempo que dispensei a empregada das limpezas. Houve um dia que ela passou um pano com detergente na minhas placas de vidro com cultivo de bactérias. Foram meses de pesquisa deitados fora.

Moe despe o roupão e coloca-o no sofá cheio de roupa usada.

RITA

Moe vais ter que parar com isto, tu não podes continuar a viver assim no meio desta porcaria. E o que foi feito da tal amiga que foi jantar contigo há uns meses?

MOE

Quem? A Joana? Não sei ao certo. Acho que passei o jantar a falar de coisinhas muito pequenas, e devo tê-la assustado um pouco. Coitada. Mas acabei por ter mais tempo para provar as minhas suspeitas.

RITA

Que são?

THOMAS

O Moe explicou-me um pouco por alto ao telefone. Acho que é melhor sentares-te.

Thomas olha para os lados

Bem, em algum sitio.

RITA

Parem lá com tanto suspense, já enerva. Vá. O que se passa com os "nanoides"

MOE

Eles estão à solta. Livres e incontroláveis.

RITA

Mas como é isso possível? Eu lembro-me perfeitamente dos resultados do nosso trabalho, e sei que nunca cometemos erros na avaliação...

THOMAS
Eles conseguiram autorestabelecer-se, por assim dizer. Eles para além de resolverem 99,5% dos males do hospedeiro, conseguiram resolver os seus próprios males e defeitos. Um tipo de Upgrade pelo que percebi.

MOE

Também não foi assim tão simples, Tom. Nós quando os criámos não estávamos errados, nem fizemos merda... Desculpa Rita.

Moe tira os óculos, e limpa as lentes na t-shirt com uma estampagem da branca de neve da Disney.

O velho quando levou o projecto para o laboratório dele, aliás, quando "roubou" o projecto, deve ter tido uma equipe que ao seguir a criação dos "nanóides" alterou o nosso original! Deu mais poderes ao que eles tinham. Assim eles ganharam mais capacidades do que necessário. Uma delas é poder sobreviver fora do corpo do hospedeiro humano, podendo viajar pelo ar para outro hospedeiro.
Neste momento é uma nuvem invisível, sem se saber por onde andam...

THOMAS

Mas pode nem ser assim tão mau quanto parece, as pessoas vão ter acesso à cura do cancro e da SIDA gratuitamente.

Moe levanta-se e coloca as mãos nos ombros de Thomas.

MOE

Thomas, não é só nas doenças. Os "nanoides" estão livres de arrumar tudo que esteja danificado no hospedeiro, até a própria morte.

6 de mai. de 2008

pág. 10

12. EXT. SEDE LORENZ INC. - DIA

Moe está de roupão, calçado com ténis diferentes em cada pé. Abana no ar umas pastas com umas folhas de cálculos à medida que tenta convencer dois seguranças da Lorenz Inc. a deixarem-no entrar pela porta da frente.

Moe

É só para deixar este documentos ao senhor Lorenz. Por favor.
[Gritando] Lorenz! Lorenz! Pára já com os "nanoides", estás enganado. Eles estão à solta...

Os seguranças atiram Moe ao chão, fazendo com que caia de costas.

Segurança

Fora daqui, antes que chame a policia. Ou quer fazer uma visita ao meu gabinete ali no beco e falar com o meu punho?

Thomas entra em plano e segura o braço ao segurança e Rita ajuda a levantar Moe.

Thomas

Eu acho que o senhor não vai querer levar um processo jurídico por um advogado como eu. Acredite!

Rita

Moe, estás bem? Eles magoaram-te?

Moe

Calma Rita, eu estou bem. Só o meu orgulho cientista está a doer.

Rita

Porque estás aqui? Assim vestido, a tentar falar com o sacana do velho?

Moe

Eles estão à solta, Rita! À solta! Eu consegui provar, tenho aqui as provas nos meu cálculos.

Moe apanha do chão os papéis, levanta o braço direccionado a Thomas, exibindo as suas provas.

30 de abr. de 2008

pág. 09

11. INT. SALA. CASA - DIA

Grandes janelas deixam entra luz solar projectada em metade da sala.

Thomas está pousar o telecomando no sofá onde está sentado.

Está com aspecto diferente, com fato e gravata mais pálido que há 12 anos atrás.

THOMAS

Morre porco velho. Morre longe. Fica no espaço e não voltes.
Rita?

RITA

[Responde de outra divisão] Que foi?

THOMAS

O Lorenze foi apanhado na TV, novamente.
Acabei de o ver em directo numa entrevista.

RITA

[Responde de outra divisão] Esse monstro falou de nós?

THOMAS

Preferia que não, mas sim, falou de nós. Ele disse que afinal éramos funcionários da Lorenz Inc.
Devíamos tê-lo morrer de cancro na altura.

Rita entra na sala onde está Thomas com um vestido preto e apertando o colar.

RITA

Estás pronto? O táxi já lá está em baixo.

Enquanto Rita ajuda a acertar o colarinho de Thomas toca o telemóvel

Quem será a esta hora? Atende a caminho do elevador, se não vamos chegar atrasados à casa do meu irmão.

THOMAS

Deixa ver quem é. Está? Quem fala?
Moe?!

RITA

O Moe?

THOMAS

Faz anos que... Sim, diz. Não, está aqui comigo, sim ao meu lado. Mas calma Moe, que se passa? Como? Não é possível. Sim, sim nós vamos a caminho.

Thomas desliga o telemóvel e Rita chama o elevador.

RITA

Que cara é essa querido? O que se passa com o Moe? Estou a ficar assustada.

THOMAS

Não vale a pena mentir-te. Começa a ficar assustada, a coisa é séria. Vamos ter com Moe agora em frente à sede da Lorenz Inc.

Thomas carrega no botão para fechar as portas do elevador.




29 de abr. de 2008

pág. 08

10. INT. ESTÚDIO DE TV

Plano apertado na cara de uma pivô do telejornal

PIVÔ

Chamam-lhe NANO o novo tipo de desporto radical, e foi assim que o ex-reverendo Peter Smith comemorou o décimo segundo ano desde a invenção das novas células criadas em laboratório pela Lorenze Inc.
Circulam rumores, de que, desde do primeiro ano, uma equipa de três estudantes universitários afirmam que haviam inventado a base celular dos "nanoides" que fez mudar a história da humanidade conseguindo enganar a morte mas só para algum multi-milionários. O ex-reverendo Smith recebeu esta pequena, mesmo muito pequena, prenda de milhões de euros do próprio presidente da Lorenz Inc. E é com ele que estamos agora aqui no estúdio.
Boa noite senhor presidente. Obrigado por vir aos nossos estúdios aquando da preparação da sua primeira viagem espacial, obrigado. O que é ser-se Deus em carne e osso? Ter o poder de enganar a própria morte?

LORENZ

Boa noite menina. Antes de responder a essas perguntas, gostava de relembrar que esse três jovens não têm razão no que tentam defender há alguns anos. A patente sempre foi minha e eles foram apenas uns funcionários iniciais ao projecto, mais nada. Em relação às perguntas que me fez, gostava de dizer que ninguém tira lugar a Deus. Tanto é, que foi exactamente o meu e grande amigo reverendo ainda na altura, que me apoiou e guiou nos meus piores momentos da minha vida, e foi através dele que Deus me iluminou o caminho que julgava perdido contra o cancro.

PIVÔ

É verdade que o senhor presidente foi a primeira cobaia humana a testar os "nanoides" e ficando não só curado do cancro, como não sofrendo desde então, de mais nenhuma doença, e agora, tem uma vitalidade de um jovem de 20 anos?

LORENZ

Essa energia está a ser bem gasta na elaboração de novos e mais baratos métodos de criação de "nanoides" para conseguir abranger toda a população mundial, e em principal, os mais desfavorecidos, os mais pobres onde os focos de doenças mortais são maiores.

PIVÔ

Mas até lá o Sr. Lorenz esta a ficar cada vez mais rico.

LORENZ

Percebo onde quer chegar, mas eu fiz uma promessa a um velho amigo meu (infelizmente) antes desta tecnologia aparecer, que iria fazer tudo para ajudar os mais pobres, e é para lá que vou. Pode é demorar mais tempo que previsto.

PIVÔ

Mas já lá vão mais de 10 anos, e com o dinheiro que já recebeu por vender "nanoides" aos homens mais ricos do mundo, junto com alguns chefes de estados de países em guerra, já podia fazer actos de caridade.

LORENZ

Não estou a gostar do rumo que esta entrevista está a tomar...

Lorenz levanta-se da cadeira, saindo de plano da câmara obrigando o "camera" a procurar melhor ângulo para o apanhar.

Clic na imagem e muda para desenhos animados de Dexter's laboratory.

pág. 07

9. EXT. AVIÃO - DIA

A câmara começa a afastar-se do escuro, mostrando o interior de um avião pequeno de carga.

Câmara sai do interior do avião recuando e começando a cair.

Som dos motores desaparece e apenas fica o som de tecido a bater com o vento.

Plano continua com o céu azul limpo.
segundos depois, a câmara atravessa uma zona de nuvens e cada vez mais rápida.

Durante muitos segundos, o plano é o mesmo, um som de bip ecoa, com uma cadência que vai diminuindo com o tempo.

O bip transforma-se num sinal agudo e contínuo. O plano fica negro rapidamente, ficando assim uns 3 segundos.

Imagem negra começa a ficar vermelha
e de seguida voltam-se a ver as nuvens e pó em volta.

Som de um profundo encher de ar nos pulmões.

PARE-QUEDISTA

[ Acompanhado com tosse ] Tenho... que voltar... a fazer o mesmo.